Como trabalhamos durante a pandemia?

Durante o ano de 2020, tivemos que tomar muitas decisões difíceis relacionadas aos atendimentos aqui na Casa Redentor. Com o início da pandemia do Coronavírus, entendemos que não poderíamos ser negligentes, tanto no manter o trabalho de forma leviana quanto em fechar a Casa. Oramos muito e conversamos muito com especialistas. Nossa primeira decisão foi diminuir a quantidade de homens acolhidos por dia. Passamos de 20 para 15. Assim conseguiríamos manter o distanciamento social, sem gerar aglomeração.

Medidas de proteção

No início de cada dia de atendimento, utilizamos um termômetro digital para medir a temperatura de cada homem. Aqueles que apresentarem temperatura igual ou superior a 37°C, são impedidos de permanecer na Casa e são encaminhados até a unidade de saúde mais próxima. Felizmente, não tivemos nenhum homem com sintoma no ano de 2020. 

Outras medidas foram tomadas, para auxiliar no combate à propagação do vírus; todos foram obrigados a utilizar máscaras. E estas eram trocadas a cada quatro horas. Cada homem recebeu uma máscara de pano com seu nome. Ao final do dia, cada um lavava sua máscara e a colocava para secar. No dia seguinte, todas elas eram passadas no ferro quente, para finalizar a limpeza da mesma. Sempre que preciso, doávamos máscaras descartáveis para que os homens pudessem estar protegidos, também, fora da Casa. 

Um dos motivos que nos fez não fechar a Casa, foi a equipe estar de acordo com a continuidade do trabalho. Outra, foi que notamos que muitas ONG’s estavam fechando. E, por fim, entendemos que o tempo que estes homens estão aqui na Casa, tomando todos os cuidados indicados pela Organização Mundial da Saúde, estariam mais protegidos do que se estivessem fora. 

Todos eram obrigados a lavar as mãos antes de cada refeição, não sentar perto um do outro, evitar contato físico, não compartilhar materiais. Durante as refeições, cada homem buscava o seu prato e copo, evitando o contato com os materiais dos outros. E, ao final de cada dia de atendimento, nós passávamos álcool 70% em todas as dependências da Casa.

O contágio

No início de julho, um de nossos obreiros apresentou sintomas de Covid-19, e foi afastado até que melhorasse. Ele recebeu todos os cuidados médicos necessários. Neste mesmo dia, toda a equipe realizou o teste, e outro obreiro testou positivo. 

Como neste mês, os casos em Curitiba tiveram um pico de crescimento, somado aos testes positivos, decidimos fechar a Casa por 15 dias, para não contagiar nenhum dos homens que vêm passar o dia conosco. Ao passar os 15 dias, a cidade estava ainda mais contagiada, então decidimos alongar por mais 15 dias. 

No início de agosto, retornamos às atividades. Todos bem de saúde. 

As comunidades terapêuticas

Durante todo o ano, continuamos com as parcerias com Comunidades Terapêuticas. Os processos de internação ficaram mais rigorosos, com algumas CTs solicitando o exame do Covid-19 antes de levarmos alguém para lá. Neste tempo, apenas um homem testou positivo. Ele foi encaminhado para uma unidade de cuidados da FAS, passou por período de quarentena e, ao sair, foi encaminhado diretamente para a Comunidade Terapêutica. 

Os voluntários

Outra mudança que precisamos fazer foi em relação aos voluntários, que estiveram presentes em toda a história da Casa Redentor. E, neste período difícil, optamos em pausar com o voluntariado. 

A maioria dos voluntários eram do grupo de risco, seja por serem idosos ou por terem problemas de saúde. Alguns, também, nos relataram ter medo do que estava acontecendo. Outros, ainda, por precaução, já que tinham contato com pessoas que estavam no grupo de risco. 

O mesmo aconteceu com as equipes que realizavam os atendimentos aos domingos. Como a maioria era grupo de risco, entendemos que era o momento de pausar. No início, até fizemos apenas entrega de lanches, mas conforme a contaminação do vírus ficou mais agressiva, decidimos não dar continuidade até que tenhamos a vacina. 

As doações

Um dos nossos grandes temores, foi que as doações fossem encerradas. E estávamos cientes que isso poderia acontecer. Afinal, todos estavam vivendo um período de dificuldade, por conta da pandemia. 

Mas, o que aconteceu em 2020, nos surpreendeu e nos encheu de alegria. Talvez tenha sido o ano que mais recebemos doações. Seja ela financeira ou de materiais. Empresas, igrejas e pessoas físicas. Não houve um dia em que nossas geladeiras ficaram vazias. Recebemos centenas de máscaras, centenas de quilos de alimentos, diversas doações financeiras, e inúmeras mensagens de encorajamento e solidariedade. Nisto tudo, vimos a mão de Deus cuidando da Casa e de cada um que passou o dia aqui. 

Nossa eterna gratidão a todos que acreditam neste projeto e que auxiliam para que o trabalho continue, mesmo em situações adversas.

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